O
ano novo chegou e muitos consideram que a virada do ano é o encerramento
e início de um novo ciclo, mas... Será? Uma data convencionada pode de fato
representar um ciclo na vida das pessoas?
Foi
no século XVII que a palavra “reveillon” passou a designar jantares requintados
promovidos pela nobreza da França em véspera de datas importantes. Eram
jantares que viravam a noite. Com o passar do tempo ficaram restritos à véspera
do Ano Novo.
No
Brasil, foi a corte de Dom Pedro II que incorporou o réveillon à virada de ano,
o que logo foi copiado pelos súditos e, no decorrer dos anos, a festa assimilou
hábitos brasileiros.
Cada
filosofia ou religião vai atribuir significados específicos ao ciclo
anual, que se encerra e tem início em datas distintas: para os cristãos, o ano
se inicia em 01 de janeiro e é contado a partir do nascimento de Jesus (2020);
para judeus, o dia varia, entre setembro e outubro, contado a partir da criação
de Adão e Eva (5780); para os muçulmanos, 16 julho, quando Maomé fugiu para
Medina (1442); para os chineses, o dia também varia, em fevereiro, e já conta
4718. Além destes calendários há diversos outros, como o etíope, o calendário
maia, o da Coréia do Norte, o wicca, o índigena, etc
Além dos ciclos acima,
baseados nos calendários que festejam um fato ou ciclos lunares, há ciclos
naturais universais, que seriam padrões da natureza reproduzidos no
comportamento humano: a criação, o crescimento, a maturidade, a turbulência, o
caos, o jogar fora e a dormência.
Há também a teoria
antroposófica que fala sobre os setênios, ou seja, que a cada 7 anos
iniciamos um ciclo de vida. Antroposofia é o autoconhecimento humano, no
sentido de que dominando o individual teremos melhor compreensão do todo.
O site da SBCoaching
tem um artigo bacana sobre os setênios. Segundo ele, até os 21 anos estamos na
fase do desenvolvimento físico; dos 21 aos 42, na fase das escolhas; e dos 42
em diante na fase da maturidade. Cada uma destas fases é subdivida em subfases
com duração exata de 7 anos.
Os primeiros 7 anos de
nossa vida são a fase do ninho, a primeira infância, marcada pelo
desenvolvimento físico e da personalidade e de muitas descobertas.
Dos 7 aos 14 anos,
temos a fase do sentido de si e do reconhecimento da autoridade do
outro, quando começamos a desenvolver nossa visão de mundo.
Dos 14 aos 21, acontece
a puberdade, a adolescência, quando costuma ocorrer uma crise de identidade.
Aqui busca-se a liberdade, há um certo rompimento com as figuras de autoridade,
a sexualidade aflora e começam as preocupações com o futuro.
A chamada crise do
talento vem na fase dos 21 aos 28 anos, quando buscamos nos estabilizar,
mas ainda não estamos mental e emocionalmente plenamente desenvolvidos. A
liberdade que sonhamos na adolescência começa a ser vivida aqui e o principal
objetivo é encontrar nosso lugar no mundo.
A fase organizacional e
as crises existenciais se fazem presentes dos 28 aos 35 anos. É comum a crise
dos 30, quando vem a sensação de impotência e frustração pela cobrança
em excesso. Não somos jovens, mas ainda não estamos maduros, estamos tentando
organizar a vida.
Dos 35 aos 42 anos vem
a crise de autenticidade. Alguns objetivos já foram alcançados e é preciso
ocupar a mente com novas metas e interesses.
Dos 42 aos 49, tentamos
expandir a fase anterior, vem a nostalgia da juventude, o medo de
envelhecer e a contradição na busca por mudanças em contraponto à resistência a
elas.
Entre os 49 e os 56
anos, começa nossa estabilidade em relação ao existencialismo, estamos
seguros em relação a quem somos, prestamos mais atenção aos outros e ao mundo.
Dos 56 anos em diante
ficamos mais reflexivos e precisamos buscar novos sentidos para a vida.
Não importa qual seja o
fato ou filosofia usados para justificar cada novo ciclo, a questão é que, sim,
nossa existência em todo o decorrer de nossa vida ocorre por fases
distintas, cada uma delas representando um ciclo ou seja, encerrando uma etapa
e iniciando outra.
Mas, além disso,
podemos criar nossos ciclos, nossos momentos determinantes de mudanças,
nossos anos novos particulares. Já temos nosso aniversário que é um ano novo
baseado em nosso nascimento, mas não precisamos esperar datas específicas para
encerrar uma etapa e iniciar outra.
Defina em quê você vai
focar no novo ciclo que você quer definir: relacionamento amoroso, carreira,
saúde física, saúde mental, relacionamento familiar, finanças, amizades ou
espiritualidade?
Qual o marco
inicial desse ciclo? É bacana definir esse momento, para que se agregue a ele
um estado emocional correspondente: motivação, alegria, realização, esperança
entre outros. Isso ajudará você a lembrar desse compromisso consigo
mesmo. Escolha uma data aleatória que pode ou não coincidir com datas festivas,
você é quem decide.
Faça um ritual
neste dia, para, como falei, trazer o estado emocional que você vai agregar. O
ritual escolhido é o que menos importa, o que vale é o que ele vai representar
para você, é imprimir emocionalmente em seu inconsciente que daquele momento em
diante, seu foco será aquilo que você determinou.
Atenção: é importante
definir um foco específico, evitando generalizações. Não busque paz,
busque o fim de conflitos com fulano ou sicrano ou no trabalho. Não busque
saúde, busque cuidar melhor de seu estômago, busque parar de fumar ou beber.
Não busque melhoria financeira, busque aquilo que você pretende fazer com o
dinheiro, busque uma viagem, busque um bem, busque uma conta bancária polpuda.
Não busque ficar livre das dívidas, busque pagar a dívida x, busque fazer y
para aumentar a renda. Não busque emagrecer, busque parar de comer algo, busque
exercitar-se. A questão aqui é dar nomes específicos a situações muito bem
delimitadas. As generalizações têm escapes que te sabotam. Na definição de seus
objetivos, coloque no papel os passos necessários para alcança-lo e defina cada
passo num ciclo próprio. Fica bem mais fácil assim cumprir o compromisso que
você fará consigo mesmo.
Não assuma novas metas
sem concluir o objetivo definido, ainda que seja preciso iniciar nova
etapa, caso chegue ao fim do ciclo estabelecido sem alcançar aquilo com o qual
havia se comprometido.
Sempre que possível,
envolva sua família na definição de ciclos em conjunto, planejem ações
benéficas para todos ou para apenas um, mas na qual todos podem ajudar, e
especifique qual é o papel de cada um na caminhada. É muito bacana desenvolver
tarefas em grupos, seja familiar, de trabalho ou de amizades. Além de reforçar
laços, fortalece a busca pelo objetivo.
Como vê, sejam ciclos
naturais, ciclos da vida ou datas de aniversário ou de virada de ano ou a cada
segunda-feira, eles possuem um papel importante no sentido de permitir uma
visão clara e objetiva do desenrolar de nossa formação e da busca por
objetivos. Porém, não precisamos nos prender a eles, podendo estabelecer nossos
próprios ciclos, individualmente ou em conjunto, na busca de um determinado aprimoramento.
De qualquer forma, o
que vale é o aprendizado da caminhada e o alcance do objetivo e não o
ritual escolhido, visto que não há mágica nesse processo e sim muito
comprometimento e trabalho.
Tá esperando o quê para
começar?
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Adriana
Fernandes é autora do texto e apresentadora do Programa NOTICIANDO, que vai ao
ar toda sexta-feira, com notícias comentadas, sem reservas, e dicas de
Programação Neurolinguística.