Você já deve ter visto
posts no Facebook com a afirmação “Sou responsável pelo que eu digo e não pelo
que você entende”. Isso surgiu em contraposição à quantidade de gente que
confunde lé com cré e paga pau, sem ter entendido nadica do que ou outro
escreveu. Bem, inicialmente parece justo. A gente fala A a pessoa entende B e
ainda vem encher o saco? Pau nela!
Mas, só parece justo. É
que, se escrevemos ou falamos algo, é porque queremos ser entendidos. Assim, só
podemos jogar no outro a culpa pela falha na comunicação se tivermos nos
certificado de que a mensagem foi redigida ou escrita de modo adequado àqueles
que queremos alcançar.
A programação
neurolinguística ensina que a responsabilidade pelo sucesso da comunicação
é do emissor da mensagem, é ele quem deve adequá-la ao público que pretende
atingir e, por isso, entende-se o pressuposto que a aponta que o significado da
sua comunicação é a resposta que você obtém. Se você disse A e a pessoa
entendeu B, o significado de seu A é B. Ou então adeque, ajuste a comunicação
para ela ser compreendida por seu interlocutor.
Assim, ao emitir uma
mensagem, seja uma comunicação profissional, seja um post em rede social,
precisamos ter certeza de que seremos compreendidos, caso contrário, estaremos
nos comunicando com o vento. E ninguém fala para o vento.
Por exemplo, eu não
posso falar com meu cliente, da mesma maneira que me comunico com colegas
terapeutas ou advogados. O cliente terá certa dificuldade de compreensão e
poderá tomar decisões erradas. Cada um tem seu próprio mapa de interpretação do
mundo. Precisamos pensar nisso, quando nos comunicamos, transmitindo a mensagem
o mais clara possível. Se for para um público específico, adequamos vocabulário
e representações; se for o caso de um público não específico, o vocabulário e
representações serão outros, mais amplos, tudo sempre de modo a não deixar
margem de dúvidas. Sim, é quem emite a mensagem que deve se preocupar com
eventuais más interpretações que ela possa ter, adequando-a.
Toda mensagem
tem sua utilidade e precisamos garantir sua eficácia. Imagine o transtorno de
sermos mal interpretados no trabalho. Se no Facebook, sobre coisas bobas, já se
causa tanto transtorno, imagine algo do qual depende seu emprego. Ah, mas no
meu emprego eu garanto a compreensão, escrevo adequadamente. E porque não fazer
isso no dia a dia, em qualquer situação? Para gerar treta e se alimentar delas?
Bobagem...
Ah, mas tem gente que
não entende nem desenhando. Tem mesmo. E nesse caso, se sua mensagem foi clara
e a pessoa respondeu equivocadamente, você precisa corrigi-la e ensinar a ela o
que você quis dizer. E se ela continuar entendendo errado, aí, sim, pode mandar
à merda! Mas não faça isso sem antes certificar-se que sua mensagem está
compreensível para o público ao qual aquela pessoa pertence e que o erro é só
com ela.
Ah, Adri, mas minha
página é sobre games, para público jovem, me aparece um coroa falando merda.
Aí, é outra parada, porque ele entrou naquele mundo e ele é quem tem que se
adequar e você vai dizer isso a ele. “Brother, essa página é pra quem entende
de games, talvez por isso você esteja com dificuldade de entender”. Você não
traduziu a mensagem para ele, porque não é o público que tem interesse de
atingir, você ensinou que ele deve se adequar ou pular fora e isso ele vai
entender.
Preste atenção, eu
disse “ensinar” e não explicar. Tudo que precisa de explicação ou justificativa
é mal feito. Explicação, justificativa é a correção da mensagem e deveria estar
no texto dela e não se constituir em algo a mais.
Observe como sua
comunicação tem sido recebida e ajuste-a, para que você emita sempre mensagens
o mais claras possível.
- Marido, conserte a
torneira pra mim?
- Conserto, ele
responde.
Daí 6 meses a mulher tá
dando pulos de altura de ódio com a torneira ainda estragada. Ora, ela não deu
prazo, não disse quando. Qual o problema dele fazer quando considerar
apropriado?
- Marido, conserte a
torneira pra mim?
- Conserto.
- Quando?
- No próximo fim de
semana.
Agora, sim, a mensagem
está mais clara. Melhor ainda se ela tivesse dito: “Marido, conserte a torneira
pra mim no dia x?” A resposta seria mais objetiva e ela saberia se pode contar
com ele ou não.
Outro exemplo: alguém
te chama de gorda e você não se incomoda. A comunicação não foi eficaz, a
intenção era te ofender. Mas se alguém te chama de gorda e você devolve, compra
a briga, dá o troco, pronto, a comunicação foi estabelecida com sucesso e o
emissor da mensagem atingiu seu objetivo. Percebe que é a resposta obtida que
define o sentido da comunicação?
E aí eu te pergunto:
sua comunicação tem sido eficaz? Se você pediu algo em algum momento e recebeu
outra coisa ou se disse algo que gerou treta, confusão, seja no trabalho, na
escola, na família ou no Facebook, você não se comunicou corretamente. E isso
acontece com todos nós!
No exemplo da esposa
pedindo o conserto da torneira, com certeza ela pressupôs que ele faria no
primeiro tempo livre, mas isso não aconteceu. Ou seja, não temos que pressupor
nada, nem temos que acreditar que o outro fará a pressuposição correta. Nada
deve ficar subentendido, tudo deve estar claro e muito bem definido.
Não será por isso que
as novas gerações são tão mal faladas, porque pecamos na educação delas,
pressupondo que nossos filhos e sobrinhos estão compreendendo nossas mensagens,
quando na verdade eles estão boiando?
Tudo na nossa vida é
comunicação: nossa fala, nossa postura, nossa apresentação pessoal, nossa
conduta, nossos gestos, o que consumimos, até nosso corte de cabelo comunica
algo sobre nós. Você não vai passar imagem de alguém sério e formal,
comparecendo ao trabalho de chinelo. Você não vai passar uma imagem de
descontração, comparecendo de terno. Você não vai passar confiança a alguém se
não olhar nos olhos dela.
Comunicação é muito
mais que expor o que você deseja, ela é principalmente o que o outro
compreendeu. Daí a necessidade de se certificar que ele entendeu o que você
quis passar.
E se a responsabilidade
da comunicação é sempre do comunicador, para que você também não peque por
pressupor um entendimento que talvez não tenha ocorrido, pergunte e confirme a
compreensão.
- Fulano, consegue me
entregar o relatório amanhã?
- Aham – disse o outro
com a cara enfiada no celular.
- Fulano, olha pra mim,
consegue me entrar o relatório amanhã?
E enquanto ele não
olhar pra você, não prestar atenção na mensagem que você está direcionando a
ele, não dê sossego. E, se precisar, peça para repetir.
- Fulano, repita: ‘o
relatório estará em sua mesa amanhã’.
Imagine ele se
corrigindo: “Vou tentar, chefe”. Não era essa resposta que você queria.
- Tentar, não! Tem que
estar pronto amanhã! O que você precisa? Quer que Beltrano te ajude?
E assim ela vai ajustar
o que for necessário para que o relatório esteja em sua mesa no dia seguinte.
Imagine se ela tivesse aceito o “aham” sem garantir que ele havia compreendido
a mensagem. Melhor ser chata assim, que precisar do relatório e ele não estar
pronto.
Certifique-se sempre
que as pessoas a quem sua mensagem é direcionada são capazes de compreende-la.
Se não forem ou, se você tiver dúvidas quanto a isso, considere que não, ela
não compreenderá e ajuste a mensagem para alguém com essa dificuldade. Melhor
nivelar por baixo, garantindo que todos entenderão, que nivelar pela média e
correr o risco de deixar alguém de fora, alguém que talvez seja importante no
processo.
Ter essa compreensão,
de que a comunicação tem o significado que o outro dá a ela e não exatamente o
significado que você quis passar, nos ensina que comunicar-se bem é
essencialmente entender as pessoas. Nos ensina mais, que a culpa raramente é do
outro, sendo comum que nós estejamos falhando quando ocorrem conflitos. Ensina
a voltar os olhos para nós, para o que fazemos e como fazemos.
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Adriana
Fernandes é autora do texto e apresentadora do Programa NOTICIANDO, que vai ao
ar toda sexta-feira, com notícias comentadas, sem reservas, e dicas de
Programação Neurolinguística.